sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mídia no contexto social


Através de uma concepção sociológica da mídia, em relação ao contexto social, o autor do livro “A mídia e a modernidade”, John B. Thompson, esclarece a construção de que o poder da mídia, não está atrelado ao discurso da midiática, está na cosmovisão. Base do primeiro capítulo “Comunicação e contexto social”.

Enquanto Rodrigues diz sobre a importância da manipulação do “Discurso Midiático” sobre as pessoas, Thompson utiliza-se das forças do mito e da razão para explicar o conceito de comunicação, no uso da criação de novas formas de ação e de interação advindos do mundo social. É voltar ao passado e relembrar o “Discurso Público” vivenciado na Grécia, Praça de Ágora, onde os cidadãos da Polis construíam e defendiam seus interesses em espaço público. Surge, então, a correlação de Rodrigues e Thompson nas suas explicações e concepções entre a comunicação de massa e a mediada. A primeira teoria é fundamentada em estratégias da mídia; enquanto que a segunda contextualiza a sociedade na busca do caráter significativo e simbólico.

As relações entre cultura e mídia são evidentes e não excludentes. Por isso que para entender o universo da mídia, temos antes de saber o que é cultura. A definição de cultura é extensa e certamente a coloca no domínio das representações simbólicas, do indeterminado. Existem variados conceitos de cultura, nos quais a dimensão de cultura toma como forma de representação o mito simbólico e o significante. É uma contradição ao que tange a um método de controle específico, sistemático, ou seja, a concluir uma resposta final. Os questionamentos são visíveis a nós, os profissionais da comunicação. Por isso existem especulações quanto à Escola de Frankfurt em relação aos conceitos da indústria cultural. A hermenêutica (diálogo) possibilita “n” interpretações perante o público nas questões que dizem respeito à mídia, como relata Thompson.

Para constituir um universo de significados, a mídia trabalha com a linguagem. Os significados são atribuídos aos indivíduos de forma singular, cada um vê com os olhos que tem, à sua maneira, bem como o modo de se relacionar com a mídia e as críticas construídas, como relata Thompson. O indivíduo possui o livre arbítrio de escolher o que é bom e ruim. A cultura da mídia introjeta, ou, pelo menos tenta introjetar no ser humano as diversidades maniqueístas de um mundo moderno e avassalador. A opção fica a cargo de cada um, suas escolhas e opções são determinadas subjetivamente.

Assim como o individualismo é conseqüência da modernidade e difundido pelos sociólogos, a formação do “EU” partiu dos valores que são constituídos pelos indivíduos através das instituições (campos de interação), nas quais estão inseridos: igrejas, escolas, universidades e propriamente dito a mídia etc.

É interessante observar e voltar a dizer sobre o secularismo (coisas ligadas ao mundo, nada de religioso). O secularismo vê a realidade como fundamentalmente “física” e, baseando-se na cosmovisão, permite-nos elaborar idéias e estabelecer discussões que influenciam as pessoas, dando sentido a valores, à sociedade e às instituições. Conseguinte, através das idéias, é possível atribuir sentido a teoria da reprodução e circulação (reforço simbólico), sendo difundida e transmitida pelo meio exotérico – através das artes, da música, do pergaminho, da impressão, da madeira, da pedra, da filmagem, das gravações, dando sentido à comercialização, à fixação (baixa ou alta), ao espaço-tempo e seu uso (habilidades e utilidades).

O termo “comunicação de massa” é colocado em “xeque” por Thompson, e diz que esse termo é enganoso. Enganoso em relação ao termo “massa” representar quantidade de milhões de passivos e diferenciados indivíduos que recebem os produtos da mídia. Assim, origina-se o termo “transmissão simbólica” que é igual à MÍDIA e diferente de COMUNICAÇÃO. É o mesmo que não haver COMUNICAÇÃO RECÍPROCA (entendimento), DIALÓGICA (interatividade). Ou seja, é a relação do poder institucional sendo eles: econômico, coercitivo, e simbólico-cultural da mídia. A busca incessante do poder sobre o outro.

Comunicação de massa é o entendimento da exploração comercial das inovações técnicas, o mesmo que mercantilização das formas simbólicas. É entender a indústria cultural como forma de comércio mantida pela mídia, criando significados a valores simbólicos e econômicos.

Comunicação mediada é o termo mais adequado e defendido por Thompson, dentro de diferentes contextos sociais existentes. A forma de receber e entender a mensagem são exemplificados pela semiótica. É possível representar e atribuir sentidos às mensagens e palavras, além de permitir ao ser humano uma visão de mundo renovado. COMUNICAÇÃO é MENSAGEM. A mensagem é entendida de várias maneiras em diversos contextos. A recepção da mensagem deveria ser vista como “atividade” em diferentes argumentos. Ou seja, depende, por exemplo, da formação do individuo (cultura, ensinamentos, valores herdados) e não da forma “passiva” como é colocada pela “comunicação de massa”.

Existe um discurso proeminente entre ambos os autores Rodrigues e Thompson. Thompson, em sua concepção antropológica, vê o processo de comunicação, a mediada, através da hermenêutica (diálogo), para criar concepções, estabelecer e dar sentido aos significados. O mesmo que comportamento de ação, assim como é a COMUNICAÇÃO. E como idéia defendida por Thompson.

Finalmente, é possível afirmar, através da visão de Thompson, que a mídia está presente em todos os lugares, não necessariamente incorporada pelos meios de comunicação de massa, como diz Rodrigues. A midiatização se faz presente em todos os lugares e momentos na vida dos indivíduos. Seja nos diálogos entre pais e filhos, amigos e professores, a mídia é absorvida, inconscientemente, imperceptivelmente, pelas pessoas. Depois disso, forma-se uma cultura positiva ou negativa acerca de um determinado assunto. As mensagens são retidas e outras esquecidas. A mídia é um grande propulsor de cultura, no entanto, não a única. Retomo a questão do conceito de cultura, sendo modificado constantemente através do tempo e espaço pelo uso da linguagem. A cultura acompanha o modo de ser do homem.

Entender as questões que envolvem “mídia e modernidade”, é esclarecer e conhecer a importância da COMUNICAÇÃO perante ao meio midiático, além de levantar questões relativas à cultura e a sociedade como partes inteiras de um processo que se constitui as diferentes linguagens existentes no mundo moderno.
Wagner's Neves

Um comentário:

  1. Ola Wagner! meu nome é Carla sou estudante de comunicação social habilitação em radio e tv,estava procurando algum comentario sobre o livro A Midia e a Modernidade estou estudando esse livro no curso e achei seu blog e adorei seu comentario sobre o livro! vai ajudar muito na minha pesquisa estou no segundo período na disciplina de teoria da cominicação! o autor desse livro é muito bom! ate mais!

    ResponderExcluir