quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Como as estratégias de comunicação da Escola Americana e o marketing, quando bem trabalhadas, ajudam a promover a imagem de políticos na mídia

Tomando como base as campanhas dos candidatos Márcio Lacerda e Leonardo Quintão à prefeitura da capital mineira nas últimas eleições de 2008, conheceremos na prática, após vivenciarmos o quadro nos 1º e 2º turnos, como as estratégias a partir da determinada corrente teórica Escola Americana e o Marketing ajudaram a promover a imagem dos candidatos na mídia.

Leonardo Quintão elaborou um projeto de campanha mais popular, articulando um sotaque forçado de um “mineirim” do início do século passado e o famoso clichê “gente”, que o ajudou a ganhar empatia daqueles que o desconheciam e daquelas que espelharam ser um jovem simpático, de olhos claros e com a força de resolver todos os problemas da grande metrópole. A expressão “gente” foi construída a partir das estratégias da comunicação, o que reforçou a legitimidade perante o público de sua pessoa e com perguntas direcionadas e segmentadas aos eleitores, garantindo o controle e o condicionamento a posteriori. As perguntas: quem?, dizer o quê?, através de que canal?, surtiram o efeito esperado e o garantiu na ordem unilateral do processo comunicacional (emissor versus receptor) perante os futuros representados na prefeitura. Visto que, todos da capital falavam a mais nova linguagem da moda: “gente...”. Condicionamento, digo, natural, pela resposta ao estímulo provocado pelo candidato. Criou-se um significante e consequentemente espalhou-se por toda a sociedade, massivamente.

Márcio Lacerda com ares de senhor responsável, empresário, bom administrador, homem de palavras sensatas e ordenadas, realista, passou credibilidade aos eleitores mais politizados. Se olharmos o marketing de sua campanha, digo aos leigos, que não houve erros. A produção foi praticamente perfeita, vídeos bem produzidos e editados, contando com o reforço de dois grandes políticos: Fernando Pimentel e Aécio Neves. As propostas eram reais, tangíveis, porém, no 1º turno, os belo-horizontinos indecisos acabaram por trocar seus votos em favor do adversário, quando as pesquisas davam Márcio Lacerda como o novo prefeito da capital. Para quem conhece, tratava-se de uma campanha verdadeira, sem exageros, uma política pé no chão e sem propostas absurdas.

Intangibilizar faz parte das estratégias, é uma questão de inteligência proporcionada pelos profissionais de comunicação e marketing. Leonardo Quintão e sua equipe foram mestres em fazê-lo com perfeição no 1º turno, no entanto, esqueceram de tangibilizar, trazer para o real e mostrar como funcionaria tudo aquilo que haviam idealizado aos ouvintes e telespectadores da cidade.


Leonardo Quintão, exaustivamente, tratava seus eleitores como “gente”. Um “jóia” também foi incorporado às novas linguagens de campanha. Tinha como meta: atendimento individualizado, senão vip, para cada reclamação ou solicitação. Percebeu-se que toda reivindicação SERIA atendida. Cada email enviado ao gabinete do prefeito SERIA respondido. Imaginem a demanda! O que aconteceu que o candidato despencou no 2º turno e perdeu as eleições para Márcio Lacerda?

Em primeiro momento, a jogada de marketing de Quintão foi perfeita e o levou para o 2º turno. Como disse, intangibilizou (idealizou) tão bem, no 1º turno, que quase não passa o candidato da coligação PSDB – PT. Entretanto, mudanças eram necessárias. Se no 1º turno, a intangibilidade proporcionou a imagem de herói e bom moço, no 2º turno faltou tangibilizar. Ou seja, mostrar tudo que foi dito de forma presencial, trazer as propostas de governo para o real. “Gente que fala pra gente”, não pode ficar somente em estúdio, mas nas ruas e frente a frente com as pessoas.

Não quero dizer que Márcio Lacerda errou em sua campanha política, faltou trabalhar melhor a comunicação. Retomou o 2º turno com estratégias novas e muito diferentes do turno anterior. Baseou-se na teoria empírica de campo da Escola Americana. Utilizou-se de pesquisas de observação comportamental e, através de temas significativos e intrínsecos à personalidade de cada indivíduo integrado aos grupos sociais, objetivou assertivamente líderes importantes de cada segmento da sociedade. Certamente, uma nova equipe de profissionais de marketing e comunicação foi contratada, uma vez que tamanha a diferença percebida nas táticas praticadas no turno decisivo.

Ao contrário do que foi feito no 1º turno das eleições e com bases na Teoria da Influência da Escola Americana, os indivíduos são menos expostos à mídia e tornam os efeitos limitados, fazendo com que o direcionamento de campanha fosse mais focado na ordem da “descentralidade” da informação. Isto que é falar de “gente pra gente”. Márcio Lacerda fez muito bem. A procura por líderes comunitários na representatividade da coligação PSDB – PT fez com que os receptores (líderes comunitários, religiosos etc.) pudessem influenciar seus membros e escolher pelo candidato Márcio Lacerda. A ordem enunciativa da mensagem e audiência, antes limitada a certos grupos sociais, criou corpo a partir do momento que houve uma comunicação entre a mídia (enunciador) e os líderes de diversas comunidades (receptor), bases da abordagem sociológica de campo da EA. O que era um efeito limitado, tornou-se eficiente graças as influências dos líderes sociais.

Além disso, com base na Teoria Funcionalista, a estratégia do candidato Márcio Lacerda foi direcionada ao macro sociológico da mídia que, no aspecto funcional, visa manter as normas estabelecidas pela sociedade. Os “mass media”, como instrumento comunicacional, é uma referência na sociedade. O funcionalismo visa estabelecer a ordem social, onde tudo está no seu devido lugar. Assim, Márcio e sua equipe, na ordem funcional da teoria americana, mantêm o “status quo”, mediante continuar com a mesma política de Fernando Pimentel, sem alterar os estratos sociais e contar com a ajuda do atual governador Aécio Neves.

A jogada de marketing e comunicação, pela integração de uma sociedade belo-horizontina unida e forte mostrada na coligação de vários partidos, contribuiu, consideravelmente, na manutenção funcional e criou uma perspectiva de futuro quanto ao governo de Márcio Lacerda. Trabalhar comunicação é muito difícil. Além do físico e da tangibilidade, é necessário gerar sensações positivas, criar emoções etc.
Wagner's Neves

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mídia no contexto social


Através de uma concepção sociológica da mídia, em relação ao contexto social, o autor do livro “A mídia e a modernidade”, John B. Thompson, esclarece a construção de que o poder da mídia, não está atrelado ao discurso da midiática, está na cosmovisão. Base do primeiro capítulo “Comunicação e contexto social”.

Enquanto Rodrigues diz sobre a importância da manipulação do “Discurso Midiático” sobre as pessoas, Thompson utiliza-se das forças do mito e da razão para explicar o conceito de comunicação, no uso da criação de novas formas de ação e de interação advindos do mundo social. É voltar ao passado e relembrar o “Discurso Público” vivenciado na Grécia, Praça de Ágora, onde os cidadãos da Polis construíam e defendiam seus interesses em espaço público. Surge, então, a correlação de Rodrigues e Thompson nas suas explicações e concepções entre a comunicação de massa e a mediada. A primeira teoria é fundamentada em estratégias da mídia; enquanto que a segunda contextualiza a sociedade na busca do caráter significativo e simbólico.

As relações entre cultura e mídia são evidentes e não excludentes. Por isso que para entender o universo da mídia, temos antes de saber o que é cultura. A definição de cultura é extensa e certamente a coloca no domínio das representações simbólicas, do indeterminado. Existem variados conceitos de cultura, nos quais a dimensão de cultura toma como forma de representação o mito simbólico e o significante. É uma contradição ao que tange a um método de controle específico, sistemático, ou seja, a concluir uma resposta final. Os questionamentos são visíveis a nós, os profissionais da comunicação. Por isso existem especulações quanto à Escola de Frankfurt em relação aos conceitos da indústria cultural. A hermenêutica (diálogo) possibilita “n” interpretações perante o público nas questões que dizem respeito à mídia, como relata Thompson.

Para constituir um universo de significados, a mídia trabalha com a linguagem. Os significados são atribuídos aos indivíduos de forma singular, cada um vê com os olhos que tem, à sua maneira, bem como o modo de se relacionar com a mídia e as críticas construídas, como relata Thompson. O indivíduo possui o livre arbítrio de escolher o que é bom e ruim. A cultura da mídia introjeta, ou, pelo menos tenta introjetar no ser humano as diversidades maniqueístas de um mundo moderno e avassalador. A opção fica a cargo de cada um, suas escolhas e opções são determinadas subjetivamente.

Assim como o individualismo é conseqüência da modernidade e difundido pelos sociólogos, a formação do “EU” partiu dos valores que são constituídos pelos indivíduos através das instituições (campos de interação), nas quais estão inseridos: igrejas, escolas, universidades e propriamente dito a mídia etc.

É interessante observar e voltar a dizer sobre o secularismo (coisas ligadas ao mundo, nada de religioso). O secularismo vê a realidade como fundamentalmente “física” e, baseando-se na cosmovisão, permite-nos elaborar idéias e estabelecer discussões que influenciam as pessoas, dando sentido a valores, à sociedade e às instituições. Conseguinte, através das idéias, é possível atribuir sentido a teoria da reprodução e circulação (reforço simbólico), sendo difundida e transmitida pelo meio exotérico – através das artes, da música, do pergaminho, da impressão, da madeira, da pedra, da filmagem, das gravações, dando sentido à comercialização, à fixação (baixa ou alta), ao espaço-tempo e seu uso (habilidades e utilidades).

O termo “comunicação de massa” é colocado em “xeque” por Thompson, e diz que esse termo é enganoso. Enganoso em relação ao termo “massa” representar quantidade de milhões de passivos e diferenciados indivíduos que recebem os produtos da mídia. Assim, origina-se o termo “transmissão simbólica” que é igual à MÍDIA e diferente de COMUNICAÇÃO. É o mesmo que não haver COMUNICAÇÃO RECÍPROCA (entendimento), DIALÓGICA (interatividade). Ou seja, é a relação do poder institucional sendo eles: econômico, coercitivo, e simbólico-cultural da mídia. A busca incessante do poder sobre o outro.

Comunicação de massa é o entendimento da exploração comercial das inovações técnicas, o mesmo que mercantilização das formas simbólicas. É entender a indústria cultural como forma de comércio mantida pela mídia, criando significados a valores simbólicos e econômicos.

Comunicação mediada é o termo mais adequado e defendido por Thompson, dentro de diferentes contextos sociais existentes. A forma de receber e entender a mensagem são exemplificados pela semiótica. É possível representar e atribuir sentidos às mensagens e palavras, além de permitir ao ser humano uma visão de mundo renovado. COMUNICAÇÃO é MENSAGEM. A mensagem é entendida de várias maneiras em diversos contextos. A recepção da mensagem deveria ser vista como “atividade” em diferentes argumentos. Ou seja, depende, por exemplo, da formação do individuo (cultura, ensinamentos, valores herdados) e não da forma “passiva” como é colocada pela “comunicação de massa”.

Existe um discurso proeminente entre ambos os autores Rodrigues e Thompson. Thompson, em sua concepção antropológica, vê o processo de comunicação, a mediada, através da hermenêutica (diálogo), para criar concepções, estabelecer e dar sentido aos significados. O mesmo que comportamento de ação, assim como é a COMUNICAÇÃO. E como idéia defendida por Thompson.

Finalmente, é possível afirmar, através da visão de Thompson, que a mídia está presente em todos os lugares, não necessariamente incorporada pelos meios de comunicação de massa, como diz Rodrigues. A midiatização se faz presente em todos os lugares e momentos na vida dos indivíduos. Seja nos diálogos entre pais e filhos, amigos e professores, a mídia é absorvida, inconscientemente, imperceptivelmente, pelas pessoas. Depois disso, forma-se uma cultura positiva ou negativa acerca de um determinado assunto. As mensagens são retidas e outras esquecidas. A mídia é um grande propulsor de cultura, no entanto, não a única. Retomo a questão do conceito de cultura, sendo modificado constantemente através do tempo e espaço pelo uso da linguagem. A cultura acompanha o modo de ser do homem.

Entender as questões que envolvem “mídia e modernidade”, é esclarecer e conhecer a importância da COMUNICAÇÃO perante ao meio midiático, além de levantar questões relativas à cultura e a sociedade como partes inteiras de um processo que se constitui as diferentes linguagens existentes no mundo moderno.
Wagner's Neves

sábado, 10 de janeiro de 2009

Discurso Midiático: a principal arma para criação e representação das ideologias


A partir das análises feitas pelo professor Adriano Duarte Rodrigues, membro do corpo docente da Universidade de Nova Lisboa, Portugal, entenderemos como os discursos midiáticos influenciam o modo de ser, agir e pensar das pessoas, no texto intitulado “Delimitação, Natureza e Funções do Discurso Midiático”. O conteúdo textual demonstra como produto do meio a midiatização, que tem o poder de ser um propulsor de cultura, além de revelar as estratégias, em um texto cuja visão de concepção midiática representa um papel determinante em todos os aspectos e uma dimensão não delimitada sobre os indivíduos.

A midiatização não é somente incorporada pelos meios de comunicação de massa, seja impresso ou eletrônico. Ela se faz presente em todos os lugares e momentos na vida dos indivíduos. Seja nos diálogos e nas interpelações entre pais e filhos, amigos e professores, a mídia é absorvida inconscientemente pelas pessoas, formando uma cultura positiva ou negativa acerca de um determinado assunto. Rodrigues aborda sobre o objetivismo midiático, o mesmo que levar a linguagem institucional, por exemplo, ao conhecimento de todos, em uma abordagem midiatista, de discurso claro, transparente e compreendido por todos.

Rodrigues esclarece os diversos significados impostos pela mídia e faz da midiatização um meio de passagem obrigatória, cujas pessoas na sua completude e independência educacional e social acabam por influir as múltiplas linguagens verbais e não verbais. Em um pequeno trecho retirado do texto, o autor diz: “Falar, falar sempre”. Ele quis dizer que as funções referenciais, os acontecimentos, a fática e o contato com o público vêm contextualizar a diversidade, independente da qualidade e com propósitos unilaterais voltados para seus próprios fins – a de obter benefícios. Os interesses comerciais e de mercado são vistos claramente entre os meios de comunicação, cuja relação entre cultura e política na mídia é pouco problematizado pela sociedade. A cultura é algo merecedor de constantes debates entre as instituições.

O tratamento da comunicação social, específico à mídia televisiva, na função de lazer e informação, desempenha um papel importante na formação dos indivíduos. É pertinente dizer que essa mídia é como se fosse um instrumento musical regida por notas passíveis de aprovação e reprovação. É a diferença entre o saber escutar e ouvir.

O silêncio do público, não quer dizer que esteja de acordo com tudo aquilo que é dito. Hoje, as notícias são questionadas, comparadas, analisadas e respondidas aos destinatários nas variadas mídias existentes, escrita ou falada. Apesar do alto índice de analfabetismo, especificamente, no Brasil, é possível notar uma transformação social e cultural, mesmo que insignificante, mediante tantas mazelas governamentais e, principalmente, midiáticas. Assim como a mídia é fruto de uma sociedade moderna, os indivíduos tentam justificar-se com sua ascensão cultural. A saber distinguir o que é bom e ruim.

A não delimitação da mídia é, sem dúvida, o maior instrumento de regência cultural, pois as várias formas do discurso midiático dessacraliza o formal, o técnico, o pragmático (sacralizado) à retomada de aberturas mais claras e concisas sobre entender as diversas culturas da sociedade. É a diferença do “esotérico” e “exotérico”. O primeiro, restritivo, e o segundo ganha um sentido expropriado. Ao passo que o metaforismo cria uma transposição das palavras e contribui, relativamente, para uma abordagem noticiosa mais interessante e criativa. O discurso toma corpo do sensacionalismo, no entanto, sem ataques declarados e com uma construção direcionada ao fático, nas muitas formas de repreensão, apoio, informação, congratulação, lúdico etc.

Com a intensificação dos processos de globalização e as constantes transformações vivenciadas em nosso mundo, o conceito cultural é constantemente modificado através do tempo e espaço. É como reciclar a nossa concepção de mundo – a cosmovisão. A mídia cria os significantes para a cultura de massa e a linguagem é transformada à medida que o discurso midiático toma novas formas. O discurso é um produto colocado à frente do consumidor como produto significante exposto nas mais variadas mídias. A televisão é o meio de comunicação mais linear existente. Sua relação é medida por números e retas oscilantes que representam o nível de aceitação passiva do telespectador. É a melhor prova do DISCURSO MIDIÁTICO, cujos produtos são embalados e entregues sem a opção de escolha e interferência.

A mídia televisiva apresenta um produto na “função especular” do discurso midiático. Seu objetivo referencial é reproduzir uma linguagem publicitária capaz de explorar as mais belas imagens, tornando-se uma arma indefensável à mente das pessoas. Os mecanismos são criados à medida que os significantes incorporam no quotidiano dos indivíduos. Conseguinte, a mídia torna-se um método de controle específico, sistemático.

O texto “Delimitação, Natureza e Funções do Discurso Midiático” é um prospecto de utilização universal dos recursos da mídia, compreensível por conter funções táticas, além de mediar e elaborar novos conceitos de cultura de massa à prática do discurso.
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Wagner S. Neves

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Mass Media: a influência da mídia sobre os indivíduos


No compasso e na compressão, nas ondas baixas, médias e altas, as oscilantes pesquisas contratadas communication research fazem dos mass media, principalmente, a TV, um veículo estimulador, que dita os significantes para a cultura de massa e, por sua vez, absorve as informações por ela divulgadas e conseguinte abstrai o que mais interessa – seja a mensagem boa ou ruim -. Na ordem ativa e receptiva, emissor versus receptor, a mídia tem como objetivo levar ao público as mais variadas informações da ordem unilateral e, sendo um instrumento de manipulação, dita comportamentos em razão de um tempo moderno de propósitos e ideais que aglutinam pessoas, independentemente, da estratificação social e sua casta propriamente dita.
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Através de conceitos e idéias da Escola Americana, no livro “Teoria da Comunicação”, de Mauro Wolf (1995), conheceremos os pressupostos dessa escola tão importante, que durante as duas principais guerras difundiu em grande escala o termo "comunicação de massa". Na época, o rádio era o único veículo comunicador.
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Os meios de comunicação de massa difundem informações para os mais variados segmentos da sociedade. A TV e o Rádio surgiram com o intuito de levar ao público a informação e o entretenimento, os quais hoje vemos passar por uma super transformação nos aspectos técnicos e ideológicos. A televisão está no centro das discussões ditando padrões questionáveis na formação de crianças, jovens e também dos adultos, a exemplo dos programas como Pânico, Luciana Gimenez e tantos outros.
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As emissoras privadas no Brasil têm um grande potencial e podem ser inteligentes em atender os interesses do público. Porém, da forma como são produzidos os programas, baseando-se na teoria da comunicação social, o público é influenciado psicologicamente e diretamente atingido pela ordem da mensagem, advindo de poderes políticos e econômicos, das ações e efeitos das propagandas.
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É pertinente dizer que o sistema de televisão contribui para a demarcação de diferentes estágios da cultura e revela-nos as mais diferentes conexões entre ética, produção, educação e, principalmente, o comércio.
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Com uma concepção integrada de comunicação, a Escola Americana possui uma dimensão teórica e aplicável, tanto na exploração das imagens pela TV e da voz pelo rádio. Os grupos que detém poderes, consequentemente, utilizam dos meios de comunicação, em uma sociedade de massa, como instrumento de manipulação e de controle. Laswell (1948) diz que para atingir e considerar que os efeitos sejam plenos em uma sociedade de massa, é preciso levantar meios de pesquisa e responder às questões: quem?, estudos dos emissores; dizer o quê?, a mensagem que deve ser utilizada; através de que canal?; o veículo a ser utilizado? e, por fim, o efeito?; considerando a influência direta (unilateral) do meio sobre as pessoas. É a relação de assimetria do processo comunicativo (emissor – receptor). Laços tradicionais são desfeitos, indivíduos aglutinados, a perda das referências familiares é evidente, e o isolamento os coloca na teia comunicacional de uma sociedade chamada de massa.
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As críticas quanto à teoria hipodérmica existem, assim como, em outras escolas. Através das disputas pelo Ibope, foi deixado de lado o saber e a prática de uma criação de programas mais qualificados. Deve-se saber distinguir e fazer boas escolhas, já que a sociedade tem o direito de escolha e o dever de saber o que escolher. O controle pode e deve ser feito pelo receptor, desde que ele decodifique a mensagem, o que depende da vida pessoal e social. A fórmula da representatividade é exclusiva em todos os meios, sendo o da comunicação, intencional e objetivo em obter resultados constantes e de efeito.
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O efeito do “convencimento” é a próxima abordagem da Escola, a Empírico-Experimental que levanta questões importantes de estratégias comunicacionais relativas à audiência e à mensagem. Para isso, é necessário conhecer o target de uma campanha, o que leva a mídia pesquisar os gostos, as necessidades em geral, a saber das diferenças existentes, para que a eficácia do poder de persuasão da mídia seja mais direcionado e eficiente. Estudos dessa natureza são feitos por agências de comunicação e pesquisa que caracterizam seus receptores (destinatários) para obtenção de melhores efeitos relacionados à audiência. A exposição e a percepção seletiva têm caráter de agregar referências e influenciar de forma negativa ou positiva, mediante diversos aspectos e preferências apresentadas para aquele público. Conseguinte, a memorização seletiva fará com que a influência recaia sobre o indivíduo que, roboticamente, acrescenta em seus valores quanto na realidade do cotidiano essas referências. Ou seja, o que foi visto fará parte da rotina, tomará como cultura em sua vivência diária. O que depende, é claro, da cultura de cada indivíduo.
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O processo psicológico através da psicologia behaviorista faz uma lavagem cerebral, leva o indivíduo ao processo de condicionamento. É igual à resposta ao estímulo de consumo. A mídia cria uma referência de mundo exotérico (expropriado), de natureza metafórica. O poder simbólico é mais importante que o político e econômico.
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A passagem para a terceira abordagem, a empírica de campo ou efeitos limitados, é baseada na pesquisa observatória comportamental dos indivíduos em relação à temas significativos e intrínsecos a personalidade do indivíduo. Por isso, existe uma maior dificuldade de influência dos mass media. A mídia vai até onde é possível, o que contraria o conceito de manipulação e efeito imediato sobre as pessoas, como prediz a teoria hipodérmica.
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Através de pesquisas e a utilização do fluxo de comunicação, o emissor, no caso a mídia, aborda a mediação social em suas pesquisas. É necessário conhecer e estabelecer planejamento capaz de entranhar dentro de um modelo descentralizado, cujos grupos sociais estão estabelecidos e conduzidos pelos líderes de opinião. A transposição do discurso da mídia é limitada a certos grupos sociais e seus efeitos reduzidos, ao passo que a sociedade tem mais influência e controle sobre a mídia. A intervenção dos media nos grupos sociais é mediada pelos líderes de opinião. A mediação da mensagem pelos líderes de opinião, por ter mais poder de influência, leva as informações dos mass media (o enunciador), onde seria praticamente impossível acesso a essas comunidades. Tal abordagem é contrária ao da abordagem de persuasão, onde indivíduos são mais expostos, ao contrário dos indivíduos na pesquisa empírica de campo, que são menos expostos à mídia. Os efeitos da campanha têm o poder de interobjetividade nos efeitos da ativação utilizado no público dos contras; os efeitos de reforço, no qual reforça a mensagem do público fidelizado e, por último, os efeitos de conversão, caso exista indivíduos indecisos quanto à campanha. É a influência do meio sobre as pessoas.
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A exemplo das teorias anteriores, a hipodérmica utiliza-se da manipulação, a empírica de campo ou persuasão, da persuasão, e a de campo, a influência. A segmentação de alguns programas de TV, no caso dos sensacionalistas, é fruto exclusivo da audiência que proliferam causando comoção deturpada, agressividade e mal-estar. Entretanto, é possível ser resolvido pela sociedade, principalmente, com enfoque nos problemas mais ocorridos nos últimos anos, quando crianças acompanham o que a TV oferece e suas famílias não sabem diferenciar o que é educativo e agradável, deixando que a TV se torne uma babá eletrônica.
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A partir da Teoria Funcionalista, a sociedade é tida como toda a poderosa. O homem é impotente às regras sociais estabelecidas. A partir de uma teoria sociológica e estrutural, o funcionalismo constitui uma abordagem macro dos mass media que, ao contrário das anteriores, estudam os comportamentos individuais. Diversos são os programas produzidos pela mídia eletrônica e nada acontece. Devido ao fato de a mídia e seus apresentadores seguirem as normas legais prescritas em lei, mesmo que banalizados pela sociedade, o que dita é a ordem funcional. Ao contrario disso, seriam certamente disfuncionais e marginalizados. A linearidade da ordem funcional mantém o “status quo” referente ao sistema social e capitalista. A manutenção do sistema funcional leva ao controle social. As pessoas ficaram tão mal acostumadas com programas ridiculamente produzidos pela TV brasileira que nada fazem para mudar.
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A mídia como objeto de comunicação “normativa” tem o dever de cumprir suas funções e anular as disfunções sociais. É bem verdade que o jornalismo, no seu papel de objetividade, é um exagero questionável. Os mitos da objetividade caem. A moral de um mundo nítido e seguro são estabelecidos pela ordem social, conforme diz o sociólogo Durkheim. É evidente que a sociedade é externa a nós, mas foram internalizadas. Somos guardiões, “drogados culturais” das normas tradicionais que nos regem. A quebra das regras produzirá a disfunção social e, de fato, medidas e ações serão tomadas para coibi-las. A sociedade é mais poderosa que o homem. A teoria funcionalista cumpre seu papel de linearidade da lei e ordem social.

Wagner S. Neves